terça-feira, 28 de março de 2017

Eu tenho um bom papo e sei até dançar*

Tema: Pra ganhar meu coração
Por Rafael Freitas


Não, não é difícil ganhar meu coração. Pode chegar, eu não mordo, e aprendi que as pessoas precisam ser simpáticas (! rs).

Mas se você acredita que a primeira impressão é a que fica e tá a fim de uma aproximação positiva, dou as dicas e depois você acrescenta um toque pessoal, que tal?

1 - Educação e gentileza me cativam. Sempre. Simples assim.

2 - Um bom papo. Eu adoro conversar sobre todas as coisas da vida, das mais banais às mais dramáticas, seja pessoalmente ou virtualmente. Então, não me leve a mal, me leve apenas para andar por aí ♪ ... E me deixe saber de você.

3 - E se conversar é bom, falar de filmes, séries e músicas, então, é melhor ainda! Depois partimos pra listinha batida de cor preferida, comida preferida, praia ou montanha, certo?! Em tempo: eu adoro Chico Buarque, notou o trecho ali em cima? Não, não, não tem problema se você não gostar. Mas você gosta, NÉ?!

4 - Podemos conversar mais ainda, sobre livros dessa vez. E já pensou se você tiver um Instagram com muitas fotos de livros para que eu possa curtir todas e ter mil indicações literárias? Não resisto.

5 - Elogios são sempre bem-vindos. Principalmente se você disser que gostou do meu sapato ou da minha camisa. Mas já adianto: nem todos gostam das minhas camisas. Aff, isso é tão frustrante!

Agora, se nada disso acontecer, é só chegar timidamente, com as mãos pra trás, e me surpreender com uma caixa de Ferrero Rocher que tá tudo resolvido!

Mentira. É só chegar educadamente, demonstrando gentileza ao me trazer os bombons, puxar um papo sem ter hora pra acabar, me dar um abraço na hora de despedir e mandar uma mensagem depois dizendo que adorou me ver que minha camisa era bonita.

Muito fácil, né não?!


* Da música A fórmula do amor, do Léo Jaime, que eu adoro na interpretação do Kid Abelha.

sexta-feira, 24 de março de 2017

Antes que não pareça tão bom pedido*

Tema: Conto continuado
Por Rafael Freitas


E naquele momento em que me preparava pra ficar muito brava com você, dizendo pela milésima vez que odeio surpresas, abro os olhos e vejo o motorista vestido de... Bozo?

Eu odeio palhaços, você também sabe disso! Eu que só queria alguns dias felizes no Nordeste, cheios de declarações de amor silenciosas em paisagens perfeitas. Não começamos bem. Eu quero gritar.

Você insiste, então entro no carro irritada, segurando as lágrimas. Quando me acomodo no banco de trás, Bozo me olha com um sorriso que pode ser simpático ou macabro, não sei. O hotel era perto, um alívio, e depois de quinze minutos descemos do carro.

Meus passos apressados quase parecem uma corrida, você puxando minha mão, Bozo nos seguindo. E quando me dirijo ao balcão para fazermos o check-in, você me conduz por um corredor a direita e... SURPRESA!

Vejo minha mãe, minhas irmãs, seus maridos e as crianças todas. Existe um grande buquê de rosas coral, minha cor preferida de rosas, sobre uma das mesas. As mesas estão enfeitadas, toalhas brancas de renda, um bolo em uma maior, no centro. E o Bozo chega!

Não seguro o choro e grito: _ Tira ele daqui! Tira ele daqui!!!

Você me abraça e diz: _Não posso. Ele está trazendo as alianças.

Então o Bozo se aproxima e te entrega uma caixa pequena de veludo azul marinho.Você se ajoelha e diz: _ Quer se casar comigo?

Eu nunca poderia fazer isso na frente do Bozo! Mas ele tira a peruca, o nariz vermelho, pega um guardanapo que estava em uma das mesas e passa pela boca, borrando a maquiagem e me permitindo ver aqueles lábios finos que eu conheço tão bem: _Era você, pai.

E eu só consigo dizer que sim, que me caso com você pra termos uma vida de amor, viagens e silêncios. Mas sem surpresas. Promete?


* Da canção Case-se comigo, Vanessa da Mata.

quinta-feira, 23 de março de 2017

Lugares proibidos*

Tema: conto continuado
Por: Rosana Tibúrcio


Amor... amor... amor... chegamos!! Ouço sua voz.
Acordo, do sono em sonho, assustada. Que pesadelo!! O medo do pouso, de ficar a sós e do silêncio era algo inexistente para mim. Para nós! Avião era nossa segunda casa. Ficar com você sempre foi prazeroso e nossos silêncios carregados de tanta coisa boa... Não havia o que temer! Mas uma sensação estranha me ocorreu quando você, de fato, sorrindo e falando baixinho no meu ouvido disse: prepare-se para uma surpresa.
Eu não gosto de surpresa e você sabe. Gosto de dominar meu espaço, tempo e sentimento.
Meu humor mudou e desejei ser Calcanhoto que adora surpresas sem data...
Mas não, pra mim surpresa é submissão!!

Não quero mais... 


Uma linda quinta-feira pra todos vocês, meus amores, porque nas quintas há sempre algo diferente no ar e hoje há uma ligeira tentativa de ser coerente com meu jeitinho: não gosto de surpresa!!! Se vira, Rafa!!!


*nome da música que usei pra dar a impressão de que queria mesmo falar dela, mas não... apenas procurei uma canção que falasse de surpresas pra colocar aqui no post e parecer antenada musicalmente como os demais guaranetes. Sou ré confessa!!!

quarta-feira, 22 de março de 2017

Sigo vendada

Tema: Conto continuado
Por: Nina Reis





... mas sigo com o medo do pouso, do ficar a sós com você e do silêncio que ainda existe entre nós.
A venda continua em meus olhos, não fazia ideia de onde estava me levando.

Chegou a hora!
Pousa o avião e sinto o aperto forte da sua mão.
Seu medo não era diferente do meu.

Sabia apenas que havia um motorista nos esperando
Seguimos de mãos dadas e a
inda vendada, porém atenta ao cheiro e ao barulho lá fora, aliás, a falta do barulho.


Você pede pra ele seguir, sorri e fala baixinho em meu ouvido ...

segunda-feira, 20 de março de 2017

Que amor era esse, que não saiu do chão?*

Tema: Conto continuado
Por Laura Reis



Nosso primeiro voo, juntos. 

Estamos completando 5 anos de namoro e decidimos comemorar longe de todo o caos que é essa cidade maravilhosa. Nos conhecemos em São Paulo, mas o Rio sempre flertou com a gente e não conseguimos nos livrar desse sentimento doido. Foi nas terras cariocas que ficamos juntos de vez.

Acontece que nossas agendas até hoje não batem direito, então sempre fomos e voltamos em voos e horários diferentes. Contando assim, agora, parece um pouco estranho..

Estou muito ansiosa pelos próximos dias. É também a primeira vez que vamos ficar só os dois por tanto tempo na companhia um do outro. Como é que passou tanto tempo assim e ainda falta tanto pra viver com você?

Não vejo a hora desse avião pousar logo..



*Da canção Tententender, de Duca Leindecker e Humberto Gessinger

quinta-feira, 16 de março de 2017

Pra sempre e mais um dia*

Tema: amores musicais recentes
Por: Rosana Tibúrcio

Diferentemente do que sei por aí, ouço mais músicas quando estou bem; em tempos como agora, por exemplo, que ando meio assimzzz, não ouço música toda hora, apenas na senzala; não redescubro nada, não me aventuro, fico cás antigas que me acompanham, também, nos bons momentos. Só que tem aqueeeelas capazes que me despertar um trem nos dedos e tome repeat. Sempre: em qualquer situação, em qualquer época do ano.  

Cruisin - SmokeyRobinson – sei lá o que essa música tem, mas amo. E como ela fica na minha maravilhosa playlistlove music”, dela passo pra todas de Nina Simone e de Amy Winehouse.

Amor de índio – nem vou colar link aqui, porque todos devem estar cansados de me ouvir falar dela; ouço todas as versões que tenho na minha playlist “as lindas do cuore”. Amor eterno, por amor de índio

Chão de giz – também não vejo aqui nenhuma novidade, né minhas gentes? Pra sempre e mais todo dia, em todas as versões também.

O silêncio – começo com Amelinha e passo pra versão do Zeca Baleiro. E sou capaz de ir num e noutro até cansar. Fico observando as variações entre uma execução e outro e juro: não consigo eleger a melhor. 

N’algum lugar - Zeca Baleiro. Sei lá o que essa música tem (hihihi repeat), mas muitas vezes eu quase choro quando a ouço. 

Depois do ritual de ouvir essas que citei, aproveito que tô no spotify e ouço tudo de Marisa Monte e Almir Sater. Esses dois, sei lá o que eles têm, viu??? E quando não me dou por satisfeita acesso meu windows media player e de lá ouço esses dois amores na MINHA ordem. AMO!

Uma linda quinta feira pra todos vocês, minhas gentes, pois nas quintas há sempre algo diferente no ar e hoje há um convite: deem uma chegadinha nas minhas
playlists, cês vão amar, juro. só buscar uma tal de "Rosana Tibúrcio", ouvir e aplaudir. Obrigada. De nada!!! 

*só porque amo essa canção de Marina Lima e Antônio Cícero e achei bonito o título e tô gostando desse trem de imitar o Rafa. 

quarta-feira, 15 de março de 2017

Sem moderação

Tema: Amores musicais recentes
Por: Nina Reis




Sou dessas, quinêm o Rafael, que quando me empolgo com uma música, ouço mil vezes.

Que seja no Youtube, Spotify, Vagalume, não importa.
Acesse, ouça e aprecie.

A Visita, cantada por Silva, é aquela música que me deixa mais feliz ainda quando acordo. (sim, eu acordo feliz, sou dessas) obs.: apesar de não gostar de acordar cedo, acordo assim.
Sabe aquela melodia que te faz balançar o corpo de uma forma gostosinha? sem exagero, apenas pelo simples prazer de fazer uma dancinha mais contida, porque a música é delicinha.

Vou lhe fazer uma visita
Mas não fique assim, aflita
Que eu não sou de reparar

Estado de Poesia, cantada por Chico César, é aquela música para momentos de reflexão.
Gosto de ouvi-la antes daquele cochilinho pós-almoço.

Chega tem hora que rir de dentro pra fora
Não fica nem vai embora é o estado de poesia

Demons e Wake Me Up, cantada por Jennel Garcia e Boyce Avenue, são músicas que quero ouvir qualquer hora, pra vida toda. Pode ser ao acordar. Pode ser balançando o corpo devagar ou no cochilinho depois de ouvir Chico César, dependendo do dia ouço até no banho.

When you feel my heat
Look into my eyes
It's where my demons hide
It's where my demons hide

So wake me up when it's all over
When I'm wiser and I'm older
All this time I was finding myself
And I didn't know I was lost

Aprecio sem moderação.
Faça o mesmo,

terça-feira, 14 de março de 2017

Me acalenta, noite adentro, melodia*

Tema: Amores musicais recentes
Por Rafael Freitas


Sim, gente: eu sou dessas pessoas que, quando encabulam com uma determinada música, ouvem a bendita mil vezes seguidas, decoram a letra e ficam cantando o dia todo. Até encabular com outra, e outra... aí vou alternando. rs

Gosto de MPB, de algumas bandas de pop rock nacional (que começaram lá nos anos 80), de algumas coisas de pop internacional, da disco music dos anos 70 e dos clássicos dos anos 80. Sim, gente: eu gosto de "música antiga", como alguns costumam chamar.

Mas também gosto de procurar novidades, principalmente de cantores e cantoras de MPB. Se as letras forem bonitas então, simples, porém bonitas, de poesias inusitadas... Viro fã!

Contextualizei, agora vamos às mais ouvidas/cantaroladas da última... quinzena?
  • Zero foi a primeira que ouvi do Liniker, letra do jeito que eu gosto, um vozeirão, barba e batom. Fiquei mordido (!), saí curtindo as fotos no seu Instagram e botando trecho da letra no status das redes sociais.
  • City of Stars, do Lalaland, tem sido a mais cantarolada da vida! Gostei do filme, bastante mesmo, mas não a ponto de achar que ganharia a estatueta de melhor filme. Agora, para melhor trilha sonora e melhor canção original, eu torci, viu?! rs
  • Let's have a kiki: foi ouvir numa baladinha outro dia, lembrar e pronto: grudou. (Más línguas dirão que fico ensaiando a coreografia trancado no quarto.)
  • Minhas músicas antes de dormir, o que já virou um hábito, gente: antes de desligar o celular, virar para o canto e dormir, sempre ouço uma, duas (ou cinco rs) das músicas a seguir: Constant Craving, da cantora canadense KD Lang; Dreamers, da banda nova-iorquina Savoir Adore; Why, da cantora Annie Lennox; Victor, do grupo Prinze George; Nirvana, do britânico Sam Smith (saudades); Vambora, da nossa querida Adriana Calcanhotto.
      Ouço e canto mesmo. Até mandar parar.

*Da canção Etílica/Interlúdio, da Céu.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Estranho amor

Tema: Amores musicais recentes
Por Laura Reis



Estava eu aqui pensando o quanto minha playlist de 2016 feita pelo Spotify foi organizadinha e, assim..esse ano será exatamente o contrário.
Se ano passado eu só tinha MPBs maravilhosas desse Brasilzão e uns pequenos pingados de pops internacionais e mais pingados ainda de nacionais, neste ano teremos não apenas uma proporção contrária, como também uma inserção louca de sertanejo – parada em que meu 2016 não passou nem um pouco perto (gente: NENHUM hit sertanejinho me assustou, mas era a #vibes2016).

Pois bem, o meu gosto musical no momento tem sido variado e vai de acordo com playlists aleatórias como Pop Up, do próprio Spotify, então não tenho tido muita voz nesse quesito, não.
Outra observação é que fevereiro e seu carnaval me trouxe (e acredito que levou para muita gente aí), alguns sucessos de axé que, para mim, jamais deveriam ter se perdido. Alguns eu começo a ouvir e penso “PUTZ (expressão pra combinar com o clima retrô), como deixamos esse sucesso pra trás?”.

(Lembrando que essa é uma análise de primeiro trimestre. Só em dezembro saberemos ao certo. Isso se o Spotify não nos decepcionar.)

Agora, portanto, e em ordem alfabética, disserto brevemente sobre meus últimos amores musicais que não necessariamente escolhi amar, mas que talvez por ventura se instalaram em minha mente de maneira que já fui dormir pensando numa dessas músicas e tive que levantar pra ouvir senão não sossegaria (adivinha qual, adivinha!). Tipos de amores. Amores estranhos.

  • Acordando o prédio veio diretamente daquele clipe excelente do nosso amigo Luan Santana por quem eu, definitivamente, não tenho nenhuma simpatia. Mas é aquela história né? Se o hit prega na sua cabeça, você assume essa paixão e pronto.
  • Chantaje eu ainda não faço ideia de como se canta, mas quando a playlist me presenteia com esse presentão (perceba que faltam palavras para descrever), eu só agradeço e saio dançando com meu mozão complicado imaginário. Sim: mentalmente.
  • Prefixo de verão é uma antiga e maravilhosa lembrança da nossa saudosa Banda Mel que me deixa muito emocionada ao ouvir. Eu sinto uma alegria estranha no peito, envolta numa pequena vontade de chorar e abraçar o mundo. Que sentimento é esse, Brasil?
  • Shape of you pode até ser que não esteja tão mais em minha mente, mas foi um intensivão de semanas que merece seu destaque e, assim, se você por um acaso da vida ainda não ouviu: corre. Um amor desse tipo não se encontra todo dia. Mesmo que depois ele te abandone.
  • Side to side envolve uma aleatória paixão chamada Ariana Grande. Não sou fã número 1, não conheço as músicas todas, não sei nada demais dessa garota, mas volta e meia alguma música dessa rabo-de-cavalo gruda ni mim. Também não deixa de ser amor.

Ps.: vale lembrar que, há um ano, fiz esse post também mu-si-cal e com indicações e que esses são alguns dos sucessos que encontramos em minha playlist de 2016, sim senhor. Saudades.

domingo, 12 de março de 2017

Se tudo pode acontecer*

Tema: E se...
Por Rafael Freitas


Não gosto muito dessa brincadeira de "e se"... Penso que qualquer coisa que eu fizesse diferente, em qualquer tempo e espaço, interferiria em uma série de outras coisas.

Sabe aquela história de sermos frutos das nossas escolhas? Tipo isso. Até porque decidir é algo que fazemos o dia todo, muitas vezes mecanicamente. Aí entra o lado bom da rotina, das responsabilidades e planejamentos: já foi tudo decidido, não há gasto de energia, sigamos o roteiro.

Mas ainda é preciso decidir o que comer no café da manhã, que roupa usar, que ônibus pegar, como conduzir as relações interpessoais, se começa uma dieta na próxima segunda, se pinta a parede do quarto de branco ou cinza, se liga para aquele amigo do qual tem sentido saudade, qual livro ler, qual música ouvir, quantos episódios de série assistir antes de ir para a cama até ter que acordar de novo e... o café, claro, pão com manteiga de novo?

E se pegasse o ônibus em outro horário? Se mudasse o caminho ao ir para o trabalho? Se desse ouvido à saudade e ligasse para aquele amigo, aquela amiga? O resultado final do meu dia seria muito diferente: encontraria outras pessoas, veria outras coisas, teria outros pensamentos e ideias. Poderia interferir na vida dessas pessoas, que também estariam decidindo quais caminhos, o que comer, que horas sair, ou isto ou aquilo, e que se tivessem escolhido outra rua não me veriam ali naquele dia que mudei minha rotina.

E é por isso que não brinco de "e se": são muitas as variáveis que se alterariam de tantas maneiras inimagináveis.

Mas sei que é tentador. Tanto que não resisto ao seguinte pensamento: e se não houvesse tanto preconceito? E se todos se respeitassem mais? E se sempre interferíssemos positivamente na vida do outro? Porque a vida é essa engrenagem louca que não para de funcionar, e cada um é uma peça se movendo, fazendo outras peças se moverem, e a máquina vai funcionando e a vida não para.

O se, para as coisas que passaram, não existe. Mas para as coisas do futuro, E SE só dependesse de você? Que escolhas faria?


* Da canção Se tudo pode acontecer, Adriana Calcanhotto.

quinta-feira, 9 de março de 2017

Quer saber?*

Tema: e se...
Por: Rosana Tibúrcio
É que eu fico pensando e tal...
E se eu fosse mais magra e meu corpo fosse como um violão; se eu soubesse inglês, francês e alemão; se eu viajasse a cada quinze dias; se o saldo da minha conta-corrente fosse de um milhão pra lá; se eu tivesse uma casa no campo e um marido inteligente, rico, bem-humorado e gostoso pra viver comigo; se eu soubesse filosofia e tivesse o dom da escrita; se eu soubesse pintar e cantar; se eu fosse reconhecida nacionalmente por algo inovador; se eu fosse equilibrada emocionalmente, com respostas certeiras, na ponta da língua, porém bem-educadas; se eu fizesse serviços voluntários e pudesse dar emprego a todos os excluídos da minha comunidade; se eu descobrisse o pó que acabasse com a violência e o preconceito; se eu adivinhasse o que o outro espera de mim; se eu acordasse sempre bem-disposta; se eu tivesse o dom da análise; se eu fosse psicóloga ou economista; se eu tivesse me aposentado dignamente; se eu nunca me desentendesse com amigos e familiares; se eu fosse uma exímia cozinheira e apreciadora de vinhos; se eu fosse nutricionista ou musicista; se eu fosse mais nova; se eu tivesse os olhos azuis, dentes perfeitos e sorriso com covinha; se eu entendesse e aceitasse tudo que pensam e... e se todos me entendessem e me aceitassem como sou?.

Olha, olha, olha... se eu fosse assim seria maravilhoso ou sem graça? Talvez nem eu mesma me aguentaria né non? Mas e se eu “soltar essa louca, arder de paixão” e tentar realizar o possível desses babadinhos? e se eu gritar “São Jorge, por favor, me empresta o dragão” e venha me ajudar, venha? E se, e se???

Uma linda quinta-feira pra todos vocês, meus amores, pois nas quintas há sempre algo no ar e hoje há tantos “ses” que quero mais é cantar Djavan e mandar catar coquinho quem pensou que arrumo desculpas pra não conseguir, pelo menos, o marido inteligente, rico, bem-humorado e gostoso...  

*Como não lembrar de "Se" do Djavan com esse tema? Juro que não é  cópia do que Rafa tá fazendo nos últimos posts. Certamente citaria essa canção com ou sem Rafa inovando os posts dele.  

segunda-feira, 6 de março de 2017

Não, obrigada.

Tema: E se..
Por Laura Reis




Eu não saberia tão logo como é pagar todas as contas sem depender de ninguém. Eu não teria matado algumas baratas. Eu não entenderia a importância de ter total atenção em vistorias. Eu não daria tanto valor às épocas em que fui abençoada por morar perto do trabalho/estudo ou ter uma carona incrível. Eu não conheceria metade das pessoas que mais adoro e considero hoje. Eu não teria a oportunidade de ir a tantos shows incríveis. Eu continuaria achando que amizades são eternas. Eu não daria tanta importância quando minha mãe fizesse uma pequena reclamação. Eu não conheceria de perto tantos perrengues como falta de carona, falta de água, falta de dinheiro, falta de alguém (e aprenderia alguma coisa com isso. Nem que seja: sobrevivemos). Eu não teria tanta experiência em entrevistas de emprego. Eu não conheceria quatro ruas além das que já conhecia na vida. Eu não saberia a sensação de descanso e realização pós faxina de casa inteira. E não entenderia a agonia em fazer isso saber que dali a poucas horas não haveria vestígio algum de tal episódio. Eu não teria me desfeito de tantas peças que antes significavam o mundo pra mim. Eu não saberia quem realmente me considera, mesmo estando a alguns quilômetros de distância. Eu não teria passado por nada disso se, há quatro anos, eu tivesse dito àquela proposta de emprego “Olha...Não, obrigada.” .