segunda-feira, 2 de julho de 2012

Poucos minutos.


Tema: Como lidar?
Por Laura Reis

Foi assim, num horário rápido de almoço que entendeu tudo. Ou não entendeu, dali pra frente. No alto de seus vinte e cinco anos e no meio de sua pós, foi quando lhe deu o estalo: tinha problemas psicológicos. Não somente a mãe, talvez todo mundo da família e ele não estava fora dessa (mesmo tendo sido uma criança independente e um adolescente sem muitas neuras).
É que começou a lembrar de pequenos trechos de sua vida que se integravam por um ponto: as decisões que tomava, falsamente ponderadas, eram somente a primeira influencia externa que percebia e se deixava levar. Dobrando a esquina pensou ainda nos irmãos menores que tão dependentes dos pais ainda nem pensavam em escrever sua própria história. Mas não sem razão, a notar pelos próprios pais; ela com todos os problemas alimentares nunca conseguia tomar as rédeas da família e ele, coitado, não se abria com ninguém e as poucas palavras que descuidava sair de sua boca eram minimamente amáveis (e, ainda assim, todos eram carinhosos com ele, nunca falavam "um A", nada..).
Agora faltava só meia hora de almoço e parece que aquela uma hora anterior nem havia passado. Entrou na loja, enfim, para  comprar o tal presente que a prima queria, quando pensou em acender um cigarro. Sempre pensava quando o joelho doía. E, assim, sempre lembrava das causas da dor e de repente a ex-namorada aparece entre as prateleiras, como um objeto à venda. Cumprimenta-lhe,  mas não sabe como responder ao "tudo bem?", mesmo porque não estava.
Ainda bem que o celular tocou pra desviar do embaraço, a mãe, nervosa ao telefone, o fez sair da loja rapidamente para tentar ouvir e a ligação caiu. O celular não funcionava mais, a cabeça a mil, o coração com o pé atrás, a família, os problemas. Não sabia como lidar com tudo aquilo que apareceu em menos de quinze, vinte minutos atrás. Respirou fundo, pisou na rua, o carro veio. Fechou os olhos.

23 comentários:

  1. Era pra ser com dois erres o meu mórreu, mas não vou excluir. Preguis..

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  2. "nunca falavam "um A" dele..."

    Nunca vi isso escrito em lugar algum. gostei!!

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  3. rosana*, eu retuitaria todos os seus comentários.






    *achei chique manter uma distância.. haha

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  4. [tô com muita dificuldade de escrever, gente..]

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  5. Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego.

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  6. Que trágico! Ele nem teve a opotunidade de aprender a lidar com os novos problemas. Mas a pergunta é, o que lhe falaram por telefone?

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  7. O que me lembrou bem a minha cena favorita do Curioso Caso de Benjamin Button.

    Ou seja, se pelo menos um desses acontecimentos não tivessem ocorrido...

    No mais, agradeço as referências implícitas, que a minha pretensão e falta de modéstia me fazem imaginar que são propositais.

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  8. HENRIQUE, SÓ AGORA VI SUAS PERGUNTAS NOS POSTS ANTERIORES, RESPONDI TUDO LÁ, OK!

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  9. acho que morreu mermo. ninguém me falou mais nada depois disso..

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  10. e referência, consciente, eu nunca faço.
    tanto que nunca sei definir coisas que gosto, como estilos de literatura, por exemplo..autores preferidos, enredos de filmes. não sei véi.

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  11. ele não ouviu o que a pessoa queria no telefone tadinho. a ligação caiu.

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  12. Tadinho mesmo ...
    ...
    num sei lidar com finais assim não.
    morro de dó
    .
    .
    rsrsrs

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  13. "Ainda bem que o celular tocou pra desviar do embaraço, a mãe, nervosa ao telefone, o fez sair da loja rapidamente para tentar ouvir e a ligação caiu."

    Aconteceu, um dia antes.
    =)

    E, inconscientes, são as melhores.

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